segunda-feira, 29 de agosto de 2011

TEORIA DA REALEZA E SUBMISSÃO PARTE II (o avestruz)


-A águia morreu, alguém dizia,dizem que foi suicídio,a voz insistia. O diário real publicou a noticia que a saúde mental da ave já não estava boa,vinha delirando,espalhando estórias mentirosas, caluniando e contagiando alguns súditos do rei leão. Esta é a versão que posteriormente seria contada nos livros de história. Às vezes Fico pensando sobre o significado da morte, creio que exterminar fisicamente alguém  não é necessariamente matá-lo, pois a águia não estava morta, estava viva, um pouco em mim, um pouco em outro animal, em cada um que sonhava em ser livre novamente, lá estava um pouco da águia.
Eu, este velho avestruz, já não mais me escondo, enfiar a cabeça num buraco e fechar os olhos para a realidade são atitudes que já não me cabem,lembro de um tempo onde os animais eram livres, nascíamos assim, agora parece tão distante, muitos já se esqueceram, mas eu não. lembro como se fosse hoje. Primeiro nos fizeram acreditar que não podíamos seguir como estávamos, e se não houvesse alguém para nos gerir, nosso fim seria catastrófico, então acreditamos, e fizemos do leão nosso rei.
Agora chamam isso de estado, denominam estado, como ferramenta pública que visa o bem estar social, que existe exclusivamente para nos garantir condições de dignidade. Denominam assim, mas na prática é bem diferente. O estado criado pelo leão é um aparato muito bem resguardado para manter privilégios, excluir todos os outros animais para o bem estar dos felinos, que agora querem ser chamados de elite. O mais intrigante é que outros animais foram desiguinados para a tarefa de defender o rei, sua corte e a chamada elite. São animais de várias espécies, que mesmo vitimados pelo sistema, o defendem. Tenho um primo que sonha em ser um guarda real, imaginem só um avestruz como guarda real!
Lembro de um trecho do celebre discurso da águia, pouco antes de ser assassinada, dizia mais ou menos assim:
-Caros amigos, não se deixem enganar, não aceitem com tanta passividade a opressão, pois está nas mãos de cada um vocês uma chance única de dizer não. Não a tirania, não a opressão, não a privilégios, não a violação do que cada um tem de mais valioso, a liberdade.
-Neste momento eu ainda me encontrava com a cabeça num buraco, mas como fechar os olhos para a realidade que nos bate a porta?Como sufocar um sentimento?A velha tática de me esconder já não me bastava, precisei me reinventar,agora tem mais da águia em mim do que podia imaginar.fui convido para participar do banquete real.

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