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sábado, 19 de janeiro de 2013

Coma Induzido


Há uma fresta no túmulo.
Translúcida vertigem no velar da negra divindade.
Uma luz imaculada profana o caminho do céu, adentra leve, ilumina a 
minha face e edifica a minha alma.
Meu ser questiona entre pensamentos que acumulam-se nas minhas veias e nervos.
Será a luz da razão? Ou as tochas das sentinelas inquisidoras do sistema?

Excluíram-me da idéia de existência. Forjam o meu valor.
O ser é, e o não ser também é.
Renasci no transe oscilante e circular, no devaneio lúgubre do martelo, do ginete e da
bigorna.

Renasci na terceira noite.

Inábil aos gestos e ação, inefável na loucura e razão, fui ao encontro da coruja no alto
da torre onde ela observa seres mórbidos em seus hábitos degenerativos.
A sociedade é um grande e assombroso cárcere ideológico, fundamentado nos alicerces
da mentira e manipulação, ou do que todos acreditam ser verdade.

Cronos caminha e deixa seus rastros na história, rastro de sangue e decadência, de luta
contra o abstrato.
Por instinto, sobrevivemos, pois o karma humano é o roncar do estômago, o homem vende sua liberdade por um pedaço de pão, prostituem suas almas pela carne alheia;
julgam, entre conceitos pérfidos, acomodam suas mentes no conforto da alienação e
condenam suas virtudes no ressentimento.

Entendo que é um dever do ser humano questionar o valor de sua existência, desse modo
tornar-se um ser cônscio de suas idéias e anseios, sobrepondo os preconceitos existenciais e 
religiosos fazendo-se consciente dos alvitres propostos e prepostos em sua jornada ao
acaso vivente.

Quando se procura a verdade nada mais importa,  a vontade de se seguir esse caminho é
mais importante do que a conquista pois não há defesa nos tribunais do sistema; o juri e
os réus estão condenados. O juri ao perpétuo conformismo e nós os marginais, encarcerados na utopia do nosso ideal.
Não tememos a morte, pois já nascemos póstumos.

Flávio Vinícius