O ano era 1866, e apesar
de toda a pressão externa, o Brasil ainda era um país de mão de obra escrava.
Os grandes produtores de café não abriam mão deste sistema, e até então vinham
ganhando esta queda de braço, para infelicidade dos abolicionistas locais que
sonhavam com um país mais branco. Este é o cenário político de nossa estória,
um cenário manchado de sangue e suor.
A fazenda ouro verde era uma das principais produtoras de café da região, e possuía cerca de cem escravos, a maioria homens. todos eles sem exceção dormiam nas senzalas, mesmo as escravas que trabalhavam na casa grande, pois a esposa do coronel não suportava a ideia de dormir debaixo do mesmo teto com escravo.
A lua estava bonita, como há muito tempo não se via, o céu parecia estar em festa, mas apesar de tal espetáculo celeste, a noite não parecia trazer nada de especial. Porém naquela noite o Coronel, sua esposa e suas duas filhas saíram da casa grande e se embrearam na mata,como se estivem atordoados ,e nunca mais foram vistos. O capitão do mato, que também era negro, e havia conquistado este posto por tamanha lealdade ao coronel, e tamanha deslealdade com seu povo, estava prestes a trancar a senzala,quando de repente não se lembrava de mais nada ,nem mesmo seu nome, olhou para dentro da senzala e avistou outros, de pele escura como a sua.
Ao entrar, o capitão do mato descobriu que todos haviam perdido a memória, ninguém se lembrava de nada, como se suas vidas começassem ali. Algo curioso também foi notado, todos usavam uma corrente nos pés e na ponta desta corrente havia uma pesada bola, então começaram a buscar um significado, e deduziram que aquele apetrecho deveria ser ter enorme importância para suas vidas, pois com exceção de uma única pessoa todos possuíam um exemplar, e finalmente concluíram que aquilo era um amuleto, uma proteção divina, e que o jovem que não possuía grandioso objeto, deveria ter ofendido gravemente os deuses.
O grilhão devia pesar cerca de seis quilos,mas ninguém reclamava,realizavam seus afazeres carregando seu amuleto com enorme satisfação. Ninguém se afastava das redondezas da senzala, os amuletos eram pesados demais para uma longa caminhada, apenas o capitão do mato, que por não possuir um amuleto havia recebido o nome de Kamavua,que significa o azarento,era capaz de percorrer longas distancias ,mas não o fazia por acredita que afastaria ainda mais as pessoas.O tempo passava e Kamavua não conseguia o respeito e a admiração de seu povo,nenhuma mulher olhava para ele,mulher alguma ia querer construir família com alguém que não possui as bênçãos do deuses,e além disso é complicado criar laços com alguém que não possui nada que o prenda ,e a qualquer hora pode ir sem nenhuma cerimônia e nem dificuldades ,para nunca mais ser visto.E pensando assim os pesados amuletos faziam ainda mais sentido.
A casa grande era vista como a morada dos deuses, e ninguém entrava lá, faziam suas oferendas e preces do lado de fora, em frente à sacada. Todo dia Kamavua se ajoelhava e suplicava aos deuses que lhe concedesse a benção do amuleto, e certo dia enquanto fazia suas preces ele avistou um amuleto debaixo de um banco na sacada da morada dos deuses,conclui então que enfim suas preces foram ouvidas,e sorridente foi buscar seu amuleto.O jovem colocou seu amuleto e com muita dificuldade para caminhar mas bastante eufórico se encaminhou para a senzala.Seu amuleto era novo e reluzente,bem diferente dos amuletos enferrujados que os outros usavam.A felicidade que experimentava parecia não caber no peito.
A fazenda ouro verde era uma das principais produtoras de café da região, e possuía cerca de cem escravos, a maioria homens. todos eles sem exceção dormiam nas senzalas, mesmo as escravas que trabalhavam na casa grande, pois a esposa do coronel não suportava a ideia de dormir debaixo do mesmo teto com escravo.
A lua estava bonita, como há muito tempo não se via, o céu parecia estar em festa, mas apesar de tal espetáculo celeste, a noite não parecia trazer nada de especial. Porém naquela noite o Coronel, sua esposa e suas duas filhas saíram da casa grande e se embrearam na mata,como se estivem atordoados ,e nunca mais foram vistos. O capitão do mato, que também era negro, e havia conquistado este posto por tamanha lealdade ao coronel, e tamanha deslealdade com seu povo, estava prestes a trancar a senzala,quando de repente não se lembrava de mais nada ,nem mesmo seu nome, olhou para dentro da senzala e avistou outros, de pele escura como a sua.
Ao entrar, o capitão do mato descobriu que todos haviam perdido a memória, ninguém se lembrava de nada, como se suas vidas começassem ali. Algo curioso também foi notado, todos usavam uma corrente nos pés e na ponta desta corrente havia uma pesada bola, então começaram a buscar um significado, e deduziram que aquele apetrecho deveria ser ter enorme importância para suas vidas, pois com exceção de uma única pessoa todos possuíam um exemplar, e finalmente concluíram que aquilo era um amuleto, uma proteção divina, e que o jovem que não possuía grandioso objeto, deveria ter ofendido gravemente os deuses.
O grilhão devia pesar cerca de seis quilos,mas ninguém reclamava,realizavam seus afazeres carregando seu amuleto com enorme satisfação. Ninguém se afastava das redondezas da senzala, os amuletos eram pesados demais para uma longa caminhada, apenas o capitão do mato, que por não possuir um amuleto havia recebido o nome de Kamavua,que significa o azarento,era capaz de percorrer longas distancias ,mas não o fazia por acredita que afastaria ainda mais as pessoas.O tempo passava e Kamavua não conseguia o respeito e a admiração de seu povo,nenhuma mulher olhava para ele,mulher alguma ia querer construir família com alguém que não possui as bênçãos do deuses,e além disso é complicado criar laços com alguém que não possui nada que o prenda ,e a qualquer hora pode ir sem nenhuma cerimônia e nem dificuldades ,para nunca mais ser visto.E pensando assim os pesados amuletos faziam ainda mais sentido.
A casa grande era vista como a morada dos deuses, e ninguém entrava lá, faziam suas oferendas e preces do lado de fora, em frente à sacada. Todo dia Kamavua se ajoelhava e suplicava aos deuses que lhe concedesse a benção do amuleto, e certo dia enquanto fazia suas preces ele avistou um amuleto debaixo de um banco na sacada da morada dos deuses,conclui então que enfim suas preces foram ouvidas,e sorridente foi buscar seu amuleto.O jovem colocou seu amuleto e com muita dificuldade para caminhar mas bastante eufórico se encaminhou para a senzala.Seu amuleto era novo e reluzente,bem diferente dos amuletos enferrujados que os outros usavam.A felicidade que experimentava parecia não caber no peito.
Kamavua se tornou o
mais popular entre os homens da senzala, e o mais cobiçado pelas mulheres. A
ele foi concedido o direito de escolher outro nome, já que aquele não fazia
mais nenhum sentido. Não se sabe por que,mas escolheu ser chamado de Damião. Os
anos se passaram e a senzala foi se enchendo de criança que não possuíam
amuletos, o que intrigava a todos.Durante uma brincadeira ao redor da morada
dos deuses ,as crianças encontraram um baú cheiinho de amuletos e logo foram
avisar aos mais velhos,que fizeram uma reunião e concluíram que estes eram os
amuletos das crianças.Só havia um problema,os amuletos eram grandes demais para
pernas tão finas,logo chegaram àconclusão que para usar um amuleto era preciso
chegar a vida adulta,e que as crianças precisariam provar com atos de coragem
que eram dignos de tamanha graça. As crianças da fazenda ouro verde não viam a
hora de crescerem e tornarem-se adultos, para assim receberem seus pesados
amuletos.